
O projeto checo ajuda a cidade de Lisboa a combater as alterações climáticas
17.04.2025 / 12:40 | Aktualizováno: 23.04.2025 / 12:43
As alterações climáticas e os seus impactos manifestam-se, mais ou menos, em praticamente todos os países, e os representantes nacionais e locais tentam-se preparar as suas cidades para o futuro incerto. As palavras como adaptação e mitigação das alterações climáticas estão lentamente a tornar-se parte integrante do planeamento eficaz a nível urbano e regional.
Portugal é um dos países que, com base em cálculos científicos atuais, sabe que será afetado pelas alterações climáticas – nomeadamente devido à subida do nível do mar e a longos períodos de seca alternados com chuvas torrenciais repentinas, que podem provocar inundações locais e grandes prejuízos materiais. Para além disso, muitas cidades enfrentam as consequências de um planeamento urbano obsoleto dos últimos anos e têm agora como prioridade a atualização dessas estratégias, tendo em conta as alterações climáticas.
Sucesso na Câmara Municipal de Lisboa
No último ano, três empresas checas conseguiram apresentar o seu projeto UpGreen à Câmara Municipal de Lisboa. As empresas ASITIS s.r.o., Atregia s.r.o. e World from Space conseguiram captar o interesse das autoridades locais com a sua abordagem abrangente, que trata tanto dos aspetos das alterações climáticas como da arquitetura paisagista e do uso de dados satelitais. O projeto baseia-se num estudo de viabilidade bem-sucedido realizado em Barcelona, que conseguiu identificar com precisão as necessidades urbanas e propor medidas de adaptação e mitigação. O projeto é financiado pela Agência Espacial Europeia, o que comprova que os dados de imagens de satélite têm a utilização para as cidades. O UpGreen encontra-se atualmente na fase de demonstração de protótipo e, além de Lisboa, Copenhaga é outra cidade-piloto.
Para além do projeto UpGreen, as empresas apresentaram também um serviço inovador para o planeamento de políticas de espaços verdes urbanos com base na regra urbanística 3-30-300. O que significa esta regra? O número três refere-se a três árvores adultas que cada pessoa deve conseguir ver a partir de casa, do trabalho ou da escola. A presença de árvores proporciona contacto diário com a natureza, o que tem um impacto positivo na saúde mental, promove a tranquilidade e reduz o stress. O número 30 representa uma cobertura arbórea de 30% em cada bairro urbano. Essa densidade ajuda a mitigar as ilhas de calor, reduzir o ruído e melhorar a qualidade do ar, com benefícios claros para a saúde. E o número 300 significa que todas as pessoas devem ter acesso a espaços verdes públicos de qualidade – como parques, florestas ou áreas de lazer – num raio máximo de 300 metros. Esta proximidade facilita o contacto com a natureza, incentiva a atividade física e melhora a convivência social.
Grande potencial para outras cidades portuguesas
A Embaixada da República Checa em Lisboa considera este projeto um sucesso com grande potencial para fomentar colaborações semelhantes noutras cidades portuguesas, especialmente considerando a atualidade do tema. Nos últimos meses, Portugal enfrentou vários fenómenos extremos relacionados com as alterações climáticas – desde cheias repentinas em Valência até aos devastadores incêndios no norte e centro do país. No final de março, a depressão Martinho atingiu Lisboa, destruindo vastas áreas florestais.
Tendo isto em conta, a Embaixada preparou um projeto de diplomacia económica com o objetivo de aumentar a visibilidade das empresas checas a nível nacional e regional. De 2 a 5 de abril, uma delegação oficial do Ministério do Ambiente da Chéquia, acompanhada por representantes das três empresas mencionadas, visitou Lisboa. O programa centrou-se na promoção do projeto UpGreen e do conceito 3-30-300 perante representantes do Ministério do Ambiente e Energia português, bem como presidentes de câmara, dado que são as autarquias que têm as principais competências no planeamento urbano. A delegação reuniu-se com a Câmara Municipal de Oeiras, uma cidade próxima de Lisboa, conhecida como uma das mais ricas e dinâmicas da região metropolitana, com forte base tecnológica e políticas de investimento proativas.
Posteriormente, foi identificado o norte de Portugal como outro território com grande potencial para futuras colaborações. A apresentação do projeto checo foi incluída na agenda da reunião da Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM Cávado), que integra os municípios de Braga, Barcelos, Vila Verde, Amares, Esposende e Terras de Bouro. Esta foi uma oportunidade única para os representantes checos dialogarem diretamente com os autarcas e apresentarem os seus serviços.
Os desafios das alterações climáticas como oportunidade
Das reuniões e visitas realizadas, resultaram diversas conclusões que a Embaixada da Chéquia em Lisboa pretende continuar a desenvolver. Para além da promoção do projeto e do apoio às empresas no contacto com outras câmaras municipais, a Embaixada planeia também envolver outras empresas checas. A questão das alterações climáticas está interligada com vários setores, como a agricultura sustentável, a investigação científica sobre resiliência climática ou a proteção civil em caso de incêndios e cheias. Por fim, é importante destacar que Portugal, tal como a Chéquia, participa ativamente em programas europeus e internacionais de proteção ambiental, o que abre oportunidades para colaborações em consórcios internacionais.