Empresa checa de Paseky nad Jizerou ajuda na preservação do património cultural português
26.05.2025 / 14:07 | Aktualizováno: 30.05.2025 / 14:10
Portugal é um país com uma história fascinante que influenciou o mundo inteiro, e até hoje é possível encontrar vestígios portugueses em quase todos os continentes. Todos certamente se lembrarão de navegadores famosos como Vasco da Gama, que chegou à Índia, ou Fernão de Magalhães, que ao serviço de Espanha foi o primeiro a circum-navegar o globo, provando que a Terra é redonda. Podemos também recordar o devastador terramoto de 1755 em Lisboa, que quase destruiu a cidade, mas que deu lugar à enérgica intervenção do Marquês de Pombal e à reconstrução de uma Lisboa moderna. Já mais recentemente, em 1974, o país viveu a chamada Revolução dos Cravos, tornando-se uma democracia europeia moderna. De todas estas épocas existem fontes históricas que é necessário preservar e proteger para as gerações futuras. Este é o mundo dos arquivos e das bibliotecas – normalmente escondido ao público, mas que pode representar uma oportunidade de negócio interessante.
A história como oportunidade de negócio
A Embaixada da República Checa em Lisboa foi contactada pela empresa checa EMBA s.r.o., especializada na preservação de diversas fontes históricas. A empresa exporta para vários países europeus como a Alemanha, França ou Reino Unido e manifestou interesse em entrar no mercado português. Se olharmos para a história desta empresa, também aí encontramos um percurso interessante. As origens da fábrica de cartão em Paseky nad Jizerou remontam ao ano de 1882, quando os irmãos Rössler fundaram uma fábrica de cartão manual branco, utilizado para embalar produtos da indústria do vidro na região de Jablonec. Entre os marcos importantes da sua história estão a instalação de máquinas automáticas de cartão nos anos de 1970 e 1989, que permitiram aumentar significativamente a eficiência da produção. Nos anos 90, iniciou-se o desenvolvimento de materiais de arquivamento para documentos comerciais e também para documentos com valor cultural e histórico, já sob a marca EMBA.
Da exposição sobre dos cravos e do veludo ao cliente
Foi assim um desafio interessante tentar cruzar a história portuguesa com um pedaço da história checa. E tudo começou de forma discreta numa exposição intitulada Cravos e Veludo: arte e revolução em Portugal e na Checoslováquia 1968 – 1974 – 1989, que teve lugar no verão do ano passado em Lisboa, no Museu de Arte Contemporânea. Este museu está integrado na Rede Portuguesa de Museus e Monumentos, gerida pelo Estado português, e responsável pela administração de todos os monumentos e museus nacionais. Após uma reunião com a diretora do museu, foi possível estabelecer contacto direto com os responsáveis pelo setor de arquivo da rede. Já no encontro inicial foi manifestado interesse em colaborar com a empresa checa, não só graças às ótimas referências noutros países europeus e à sua ampla e competitiva oferta, mas também pelo envolvimento social ativo da empresa na sua região. Vale a pena destacar que a EMBA apoia iniciativas de cariz social e projetos locais de interesse público, bem como atividades que ultrapassam as fronteiras da República Checa. A EMBA venceu também a fase regional do prestigiado concurso nacional “Igualdade de Oportunidades”, dedicado a empregadores que promovem a integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Sucesso na Imprensa Nacional de Portugal
A empresa checa começou assim a fornecer os seus produtos a instituições museológicas portuguesas de destaque, como o Palácio Nacional da Ajuda, antigo palácio real que alberga atualmente o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional, o Instituto dos Museus e da Conservação, bem como o Ministério da Cultura. Para além disso, a Embaixada da República Checa em Lisboa conseguiu abrir as portas da EMBA a outra instituição cultural de grande relevância – a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, responsável pela impressão de documentos oficiais do Estado, cuja secção de arquivos também manifestou interesse numa futura colaboração.
Desta forma, a história portuguesa – ainda que guardada entre estantes de arquivo – começa a entrelaçar-se com a história checa. Esta experiência demonstra que as empresas checas, graças à sua tradição, experiência, elevada qualidade e preços competitivos, conseguem conquistar até setores que à primeira vista parecem muito fechados. A Embaixada da República Checa em Lisboa continuará assim a sua missão de abrir portas e descobrir novas oportunidades no campo do património cultural, que podem surgir, por exemplo, também no mundo do teatro ou da música.
Kateřina Bocianová, Ph.D, diplomata económica na Embaixada da República Checa em Lisboa