Frank Smit (František Schmitt)
19.01.2022 / 23:30 | Aktualizováno: 05.01.2023 / 20:34
Frantisek Schmitt mais conhecido por “Frank Smit”, foi um talentoso violinista nascido em Dvur Kralové na República Tcheca, em 1892. Aos cinco anos de idade iniciou suas primeiras lições de violino e revelou seu talento para a música. Formou-se no Conservatório Musical de Praga em 1912 e posteriormente estudou com o afamado professor de violino Ottakar Sevcik no Conservatório de Viena.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi preso pelo inimigo Russo e deportado para Sibéria. Na prisão siberiana foi reconhecido por um general russo que o liberou para apresentações nas cidades russas. Devido seu sucesso, foi convidado para ser o professor catedrático do Conservatório Musical da cidade de Kharkov (hoje na Ucrânia). Nesta cidade conheceu Tatiana Kharin, nobre que viria ser sua esposa. Em 1918 com a revolução bolchevique fugiram para o oriente onde fez sucesso no Japão, na China e Indonésia com seu sonoro violino “Guarnerius”. Em 1920 nasceu seu único filho, Jaroslav Smit na ilha de Java.
Em 1923 voltou para a Europa e se estabeleceu na Alemanha, participando de apresentações na rádio de Berlin e nas capitais europeias. Em 1925, devido a crescente onda nazista fugiu da Alemanha, e foi morar com o sogro na cidade de Topola, na Sérvia.
Em 1926 veio ao Brasil a convite do Presidente Dr. Whashington Luiz, para ser o primeiro violino do recém-formado “Quarteto Brasil”. Este quarteto tinha como finalidade divulgar a música clássica aos brasileiros. A “Associação Quarteto Brasil”, o projeto “Instrução Artística do Brasil” e posteriormente a “Sociedade de Cultura Artística”, garantiram 3 décadas de apresentações não só no Teatro Municipal de São Paulo, como em muitas cidades do interior paulista e outras cidades e capitais do Brasil. Foram muitas as cidades que se inscreveram no projeto para receber os artistas do “Quarteto Brasil”. Em algumas delas, os jornais locais registraram as apresentações. Por ordem de inscrição foram: Jaboticabal, Araraquara, Amparo, Rio Claro, Santos (10/12/1928; 28/01/1927), Campinas (“Diário do Povo”, em 05/07/1927), São João da Boa Vista, Jaú, Matão, Guaratinguetá, São Simão, Caçapava, Bauru, São Manoel, Uberaba, Cruzeiro, Taquaritinga, Ribeirão Preto (27/04/1945), Rezende, Vitória, Botucatu, Batatais, Barreto, Rio Preto ( “Notícia de Rio Preto”, em 26/04/1945), Piracicaba (“Jornal e Gazeta de Piracicaba”, em 15/03/ 1927 e 24/05/1927), Catanduva(“ A Cidade de Catanduva”, em 25/04/1945), São José do Rio Pardo, Pirajuí, Lambari (26/03/1932), Capivari (16/10/1945), Olímpia (06/08/1929 e 28/04/1945), Itu (“A Federação”, em 18/02/1928 e “A Cidade de Itu”, em 05 e 19/02/1928), Bebedouro, Taubaté, Franca (“Jornal AEC “,em 26/04/1934), Poços de Caldas, Cariobas, Juiz de Fora (“Correio de Minas” e “Jornal do Comércio”, em 14/07/1927; “Diário Mercantil”, em 15 e 17/08/1929), Porto Alegre (“Diário de Notícia”, em 29 e 30/11/1927; “Correio do Povo”, em 29/11/1927 e 01 e 03/12/1927; “A Federação”, em 30/11/1927 e 2,5/12/1927), Pelotas, Rio de Janeiro (“O Globo”, em 15,23,25 e 27/07/1927; “Jornal do Brasil”, em 24/07/1927; “A Nação”, em 26/05/1934; “Correio da Manhã”, em 27/05/1934; “A Esquerda”, em 23 e 26/07/1927; “Vanguarda”, em 23/07/1927), Curitiba (“Diário da Tarde”, em 16/03/1928; “Gazeta do Povo”, em 17/03/1928), Florianópolis (“Folha Nova”, em 14 e15/12/1927; “República”, em 15/12/1927), Limeira ( “O Limeirense” , em 22/05/1927), Recife (1935), Manaus (“Folha da Noite”, em 11/1935), e São Paulo (“Estado de São Paulo”, em 28/01/1927, 05 e 15/02/1927, 24 e 27/03/1927,17 e23/04/1927; 12, 18 e 27/05/1927, 21,23 e 30/07/1927; 04 e 24/09/1927; 19/11/1927; 03 e 06/12/1927; 28/01/1928; 21/03/1934; “Gazeta do Povo; “Folha da Manhã”; “Folha da Noite”; “Correio Paulistano”; “Correio da Manhã”; “Jornal do Comércio”; “Diário da Noite”; “Diário Popular”; “Diário Nacional” e “Gazeta de Notícia”.
As apresentações foram registradas também nos jornais das colônias Alemã (“Deutsche Zeitung”, em 28/01/1927, 05/02/1927, 28/01/1928, 21/03/1934); Italiana (“Jornal Fanfulla”, em 28/01/1927, 28/01, 25/02 e 28/07/1928; Inglesa (“Anglo-Brazilin Chronicle”, em 01/10/1927).
O sucesso deste dedicado trabalho foi constatado não só pelos críticos de arte da época em relatos nos jornais, mas também devido o aumento do número de estudantes nos conservatórios musicais do país, atingindo a finalidade pedagógica proposta.
Em 1934 a família Fontoura iniciou a transmissão da Rádio Cultura de São Paulo e querendo promover uma programação com boa música, convidou Frank Smit para ser o primeiro diretor artístico da rádio. Além da programação voltada para cultura, formou uma orquestra na rádio, que ele mesmo dirigia e cujas apresentações eram ao vivo por não existir na época, sistema de gravação. Participou do chamado “Trio Brasil” com Antonieta Rudge (piano), Wladimir Schapiro (violoncelo) e do projeto “Instrução Artística do Brasil” com o jovem Fritz Junk (piano). Teve outras atividades no Brasil, muitas delas beneficentes, foi professor de violino na cidade de São Paulo, fez inúmeras apresentações na Rádio Gazeta de São Paulo, nos clubes Germânia, Círculo Italiano, na Igreja Ortodoxa Russa e no Teatro Municipal de São Paulo. Frank era referência nos grupos artísticos como “Clube dos Artistas Modernos”- CAM, fez dupla com Camargo Guarniere e tocou o solo de violino do filme intitulado “Colar de Coral”, de Léo Ivanov e Sylvio e Douglas Michalany, produzido em 1951.
Em 1959 com o falecimento de sua esposa Tatiana, deixou a Rádio Cultura e retornou para Praga onde faleceu um ano depois, após sair de um concerto onde se apresentara.
Autora: Silvia Prado Smit Kitadai (silviakitadai@uol.com.br)