
Sarau de Poesia Tcheca em Belo Horizonte
14.12.2015 / 20:27 | Aktualizováno: 18.12.2015 / 13:56
Foi um lindo evento.... O Sarau de Poesia Tcheca ... no dia 2 de dezembro no Espaço Letras e Ponto da cidade de Belo Horizonte.
Compareceram pessoas que amam a arte, entre eles, professores de literatura, escritores, dramaturgos, diplomatas, produtores culturais, etc.
O ator Rodrigo Leste coordenou no Espaço Letras e Ponto o Sarau de Poesia Tcheca, que teve uma leitura livre de Jaroslav Seifert, Jan Neruda e Vaclav Havel, entre outros autores. O evento contou com a participação dos atores Dagmar Braga e Jeter Neves. Aprecie, a seguir, duas amostras do cardápio poético, poemas de Jan Neruda e Jaroslav Seifert:
BONITO - Jan Neruda
Bonito. Bonito até não poder mais, era um sonho,
vindo do coração da terra,
mil mundos ao redor girando e queimando.
Era um sonho de Krasny,
só, somente um sonho.
E deixou algumas coroas pra nós
E um girassol de fé.
Girassol que gira, gira ao redor,
Sustento da beleza que começa nos olhos dela,
a pequena menina, broto humano e girassol.
O Jan Neruda, original, nasceu em Praga, em 1834. Sempre viveu no Bairro Malá Strana, um dos mais lindos e bucólicos da capital da República Tcheca. O lugar o inspirou a escrever o seu livro mais famoso: Contos de Malá Strana. Jan foi professor, poeta, jornalista e escritor.
____________________________________________
POEMA SOBRE A GUERRA - Jaroslav Seifert
Estrangular a guerra
para que as mulheres possam sorrir,
para que não envelheçam tão depressa
quanto as armas envelhecem.
Mas a guerra disse: Sou!
Sou desde o princípio,
não tendo havido o momento
em que eu não existisse.
Em 1984 o mundo abre os olhos para a poesia tcheca quando o poeta Jaroslav Seifert, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra, que inclui dezenas de títulos. Ele nasceu em Praga, em 1901, e faleceu na mesma cidade, em 1986. Sua primeira coletânea de poemas tem o título de Cidade em Lágrimas.
Sou antiga como a fome
e o amor.
Eu sequer me criei,
mas o mundo me pertence!
E irei destruí-lo.
Estarei presente
quando o trapo ensangüentado de fogo
cair nas trevas
feito saliva de criança
cuspida no fundo do poço
para se medir
sua profundidade escura.
Nós contudo — e aí reside a esperança —
poderemos pensar a este respeito
por um instante
por um breve instante ao menos.